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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

5 coisas que ninguém te diz sobre redução de estômago



A obesidade é um grave problema de saúde atualmente. Em todo o mundo, há 2,1 bilhões de pessoas obesas ou com sobrepeso, o que representa quase 30% da população, segundo dados de 2013 do estudo Global Burden Disease.
No Brasil, de acordo com pesquisa da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), quase metade da população está acima do peso. O estudo indicou que 42,7% dos brasileiros possuía sobrepeso no ano de 2006, número que passou para 48,5% em 2011.
Uma das soluções para corrigir essa condição, bem como problemas de saúde adjacentes, é a cirurgia de redução de estômago. Se você está considerando fazer uma, saiba que ela não é uma cirurgia estética (ainda que estética seja uma das metas dos pacientes que ela pode ajudar a alcançar).
Existem várias dificuldades envolvidas nessa escolha, mas quem a fez também relata muitos benefícios que mostram que a operação pode valer a pena.
Veja 5 coisas que ninguém te disse sobre a redução de estômago:
1. É preciso provar que isso é realmente o que você quer e precisa
Geralmente, quem decide que quer realizar essa cirurgia precisa solicitar seu agendamento e passar por uma série de etapas de aprovação para consegui-la.
Alguns conseguem realizá-la mais rápido do que outros, mas os procedimentos são normalmente os mesmos: é preciso consultar muitos médicos, incluindo psicólogos e psiquiatras, e realizar diversos exames para que o candidato se mostre ideal para a cirurgia e entenda quais são suas implicações e riscos.
Enquanto a psicopedagoga Monaliza Haddad, 41 anos, realizou sua cirurgia um mês depois de ter decidido fazê-la, o engenheiro da computação Raphael Moraes, 23 anos, demorou quase um ano.
“Fiz entrevistas e acompanhamentos perfeitos, esclarecendo tudo mesmo, para que eu tivesse consciência dos efeitos colaterais”, conta Monaliza.
“Participei de diversas palestras sobre como minha vida seria, passei por terapia e avaliação psiquiátrica, fiz exames tradicionais para qualquer tipo de cirurgia abdominal como os de sangue, HIV, ultrassom do estômago e endoscopia”, completa Raphael.
Se essa maratona de consultas médicas te assustou, é importante ressaltar que essa é uma escolha que pode mudar drasticamente sua vida, e é por isso que é tão importante que você esteja ciente de tudo que virá pela frente.
2. Comer nunca mais será a mesma coisa
A primeira coisa que vai se transformar é a sua alimentação. A cirurgia tem como objetivo tornar a vida da pessoa mais saudável, e isso inclui mudar seus hábitos alimentares. Antes, pode ser que você não conseguisse fazer isso sozinho, mas agora vai ter seu próprio organismo como aliado: como seu estômago será literalmente reduzido, o normal é que você não seja mais capaz de comer em grandes quantidades.
Além disso, comidas saudáveis serão muito mais bem-vindas ao seu organismo do que as famosas “porcarias”.
“No pós-cirúrgico, tive etapas para voltar a comer. Na primeira semana apenas líquidos como Gatorade e água em copinhos de 50ml, na segunda semana sucos um pouco mais grossos, no final do primeiro mês, sopas e comidas batidas no liquidificador e a partir do terceiro mês comidas sólidas como macarrão. O restante apenas a partir do sexto mês”, explica Raphael.
Ele conta que enjoa com alimentos que contém muita gordura, como leite Integral, alimentos de fast food etc. “Algumas pessoas engasgam ou tem problemas com a alimentação pois mantiveram a ‘cabeça de gordo’. O auxílio de uma psicóloga na preparação é fundamental, além de uma nutricionista para acompanhar a sua evolução”, sugere.
Monaliza afirma que, logo após a cirurgia, tentava comer como fazia antes, mas com o tempo foi aprendendo a lidar com uma nova dieta. “Dependendo do dia, passo bem, em outros, vomito feito doida”.
A realidade é que um dos prazeres da vida é comer – principalmente aquelas coisas que já costumam nos fazer mal mesmo com estômagos de um tamanho normal. Então, quem passa por um procedimento como esse, logo entende que precisa mudar de ritmo. Mas definitivamente vale a pena.
“Realmente, com a cirurgia acho que sou outra pessoa, gosto de outros alimentos e mudei muito o meu jeito de ser, para melhor é claro”, diz Monaliza.
“Perdi aproximadamente 60 kg, sou uma pessoa ativa, vou à academia todos os dias e meus hábitos alimentares são muito, mas muito melhores do que eram”, complementa Raphael.
3. A cirurgia pode não ter o resultado que você espera
Monaliza e Raphael são exemplos de sucesso, mas a cirurgia de redução de estômago, como a maioria das coisas da vida, não é algo garantido.
Pode ser que o resultado não seja o que você esperava. Há pessoas que continuam comendo normalmente, e por consequência o estômago volta a esticar, de forma que o efeito da cirurgia é bem menor.
“Você chega a um peso mínimo após o segundo ano de operação, e depois ele se estabiliza a partir de sua dieta”, explica Raphael.
Ou seja, grande parte do sucesso da operação depende da própria pessoa: ela precisa mudar de mentalidade e se ajustar a sua nova realidade. “Hoje em dia consumo alimentos naturais e tento fugir dos industrializados. Alguns condimentos e a própria gordura acabam me enjoando, então tento focar em alimentos saudáveis para não ter dificuldade nenhuma no dia a dia”, conta Raphael.
4. Você pode ter problemas de saúde como resultado da cirurgia
Monaliza já tinha anemia e, com a redução de estômago, sua condição piorou muito. “Faço uso de medicamentos há cinco anos”, conta.
Monaliza realizou o mesmo tipo de cirurgia que Raphael, quando tinha 36 anos. O Bypass Gástrico é o procedimento mais realizado atualmente em todo o mundo, sendo que no Brasil difundiu-se a técnica de Capella, um cirurgião colombiano radicado nos EUA que acrescentou a colocação de um anel contensor no reservatório gástrico.
A psicopedagoga ia colocar um anel, mas durante a cirurgia seu médico achou melhor não utilizá-lo; ele percebeu que sua camada interna de gordura era muito pequena, e optou por dispensar o objeto. Há sempre a possibilidade de dificuldade de adaptação ao anel, o que pode levar a novas operações para sua retirada.
Esse é apenas um exemplo de inúmeras condições de saúde que podem acompanhar a operação. No caso de Monaliza, é gerenciável.
Mas os riscos envolvidos são muitos. Entre os problemas que podem surgir após a cirurgia, incluem-se vazamentos, coágulos sanguíneos, dor abdominal, obstruções intestinais, osteoporose, cálculos biliares, vômitos, hérnias, anemia e desnutrição, para citar alguns.
Raphael teve sorte de não ter tido nenhum problema de saúde relacionado a operação, mas todo aquele acompanhamento antes de chegar à mesa cirúrgica não é exagero – como o parágrafo acima comprova.
Outro grande problema que vem sendo associado com a redução de estômago é o risco de alcoolismo. Esse tipo de cirurgia e outros procedimentos usados como tratamento para a obesidade podem deixar os pacientes mais propensos a se tornarem alcoólatras, especialmente os homens.
Cientistas noruegueses, da St. Olav’s University, estão prestes a começar um estudo com 30 pacientes para avaliar se a operação pela qual passaram é capaz de mudar a reação do seu corpo com relação ao álcool.
Há quem pense que as pessoas que passam pela redução de estômago substituem o prazer de comer pelo de beber. Os pesquisadores suspeitam que este tipo de cirurgia pode alterar a química do organismo, fazendo com que o álcool pareça mais satisfatório e gratificante. Diversos pacientes já admitiram que passaram a beber consideravelmente mais após o procedimento. E um estudo feito na América em 2012 sugeriu que este hábito pode dobrar o risco de alcoolismo.
Não podemos deixar de destacar ainda os problemas psicológicos que podem surgir a partir da cirurgia. Ninguém está livre deles. Você se tornará uma pessoa totalmente diferente – por dentro e por fora -, e terá que lidar com isso, bem como as pessoas que convivem com você. Ou seja…
5. A operação vai mudar sua vida
Quem escolhe fazer a cirurgia geralmente faz isso porque não vê outra opção para solucionar seus problemas.
“No primeiro ano de faculdade, acabei engordando demais, e nenhum outro método resolveria meu problema”, afirma Raphael. “Sinceramente, não tive nenhum medo, bom, talvez o de nunca mais comer yakisoba”, brinca.
Monaliza também não titubeou. “O que me levou a isso foi a qualidade de vida, estava pesando 90 quilos e sofria muito bullying e preconceito. Também tinha pressão alta na época”, revela Monaliza, que perdeu 30 kg com a operação. “Minha decisão foi muito forte devido a uma brincadeira sobre obesidade, a minha vontade foi de realizar [a cirurgia] o mais breve possível”.
A redução de estômago se torna um divisor de águas para muitas pessoas. Ela não representa apenas uma possibilidade de perder de peso, mas sim de mudar de vida, de se tornar outra pessoa – uma mais saudável e mais feliz.
“Com a cirurgia, minha autoestima melhorou muito. Mesmo o dia que não fico bem, eu penso que se fosse preciso faria novamente”, diz Monaliza.
“Sempre tive uma personalidade forte e divertida, isso só ampliou depois da cirurgia, fiquei mais feliz e bem comigo mesmo. Alguns anos após a operação, tive minha primeira namorada de verdade. Me tornei uma pessoa saudável e sempre de bem com a vida”, compartilha Raphael.
Esse bem-estar não só físico, mas psicológico deu mais qualidade às vidas de Monaliza e Raphael, bem como de tantos outros que passaram pelo mesmo processo.
Na verdade, a cirurgia tem a capacidade até mesmo de mudar a vida das pessoas que estão ao redor do paciente. Elas podem passar a ficar mais saudáveis também, ou mais alegres por estarem ao lado de pessoas que também estão.
Isso não significa que não haverá dificuldades – novos sentimentos também podem começar a fazer parte do dia a dia dos pacientes, como inveja, ciúmes ou novas maneiras de pensar que interfiram nos seus relacionamentos e interações.
Não foi o caso com esses dois exemplos que citamos nesse artigo, mas é algo sobre o qual todos os candidatos à redução de estômago precisam pensar – no quanto sua aparência e suas rotinas vão mudar, e como isso vai afetar todas as suas esferas de convivência.
Fonte: O Bonde

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