Chega o inverno e, com ele, aquele friozinho gostoso que só faz você pensar em filme, cobertor felpudo, chocolate quente e muita, muita comida. Mas a estação, já conhecida como o período de “engorda” – quando as pessoas comem como se não houvesse o amanhã e realizam menos atividades físicas, principalmente ao ar livre -, também pode influenciar o aumento de casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Segundo pesquisa do British Medical Journal, o risco de complicações cardiovasculares nas estações mais frias do ano chega a aumentar em 30% ou, quando envolve pacientes idosos, pode alcançar até 44%. Já os casos de AVC isquêmico registram crescimento de 20%. O cirurgião cardíaco Marcelo Sobral, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e médico do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a relação entre o frio e estes problemas é motivada pela redução da temperatura do corpo.
“Com isto, há uma vasoconstrição (diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos) periférica para priorizar os vasos principais, contribuindo para o aumento da frequência cardíaca e, consequentemente, da pressão arterial. Isto sobrecarrega o coração e pode causar o infarto, principalmente se o paciente tem hipertensão ou já sofreu com problemas cardiovasculares”, revela.
A orientação do médico é que, além de buscarem roupas confortáveis e quentes, as pessoas fujam do sedentarismo e mantenham a qualidade de vida independentemente do frio. Mas quem não está acostumado a se exercitar deve buscar orientação médica e realizar exames preventivos para iniciar as atividades físicas – assim como em qualquer outra época do ano.
Na maioria dos municípios baianos, apesar de o frio não ser tão intenso quanto nos estados do sul do País, muitas vezes a chuva impede que alguns praticantes de corrida, ciclismo ou caminhada realizem suas atividades ao ar livre. Quem não gosta ou não tem condições de pagar uma academia pode se movimentar em ações do dia a dia, conforme sugere o cirurgião.
“O certo seria procurar lugares fechados não expostos ao frio e à chuva. Este exercício também pode ser feito, por exemplo, no percurso entre o ponto de ônibus e sua casa. Mas há um detalhe: ele deve gerar certa ofegância e algum grau de cansaço, por isso um passeio no shopping não conta”, enfatiza. Para diminuir o risco de adquirir doenças cardiovasculares, o recomendado é que se faça ao menos 30 minutos de exercícios diários, que podem ser divididos em três partes de 10 minutos.
Alimentação saudável
Outro ponto sempre discutido entre os especialistas é aliar os exercícios com uma alimentação saudável, a começar pela redução do consumo de produtos industrializados, açúcar e frituras. Como nesta época ocorre uma diminuição das atividades físicas, a energia ingerida em forma de alimento é maior do que o gasto calórico, gerando uma situação propícia para o ganho de peso que também pode ocasionar problemas cardiovasculares. A explicação é da nutricionista clínica e esportiva Luana Vilas Bôas, que dá algumas dicas de refeições nutritivas, como as sopas, com quantidade moderada de calorias.
“É importante que sejam acrescentadas fontes proteicas magras, como o peito de frango, e que haja moderação no consumo de massas (optar sempre pelas integrais). Ter sempre em casa variações de frutas e guardá-las já higienizadas na geladeira vai facilitar o consumo. Para quem gosta de comer chocolate no frio, opte sempre por aqueles com concentração de 70% ou mais de cacau. Além disto, não esqueça da ingestão hídrica de, pelo menos, dois litros por dia, e não substitua o consumo de água por suco ou outras bebidas”, aconselha.
Aliando estes três fatores – evitar o frio, praticar exercícios com orientação médica e se alimentar de forma saudável – é possível minimizar o aparecimento de doenças. Caso sinta alguma manifestação física, como dor no peito, na cabeça ou nas costas, falta de ar, dormência nos braços e pernas, a orientação é procurar um médico. Entretanto, apesar destes sintomas estarem associados a problemas cardiovasculares, também estão presentes em outras doenças. “O que vai fechar o diagnóstico é o histórico da pessoa, como alteração nos exames e ocorrências anteriores de infarto”, complementa o médico.
Fonte: A tarde
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