Indesejada, a cefaleia (ou dor de cabeça) faz parte da vida de muitas pessoas. São mais de 150 variações existentes da doença, e uma das mais intensas é a enxaqueca crônica, que atinge cerca de 20% da população brasileira, na maioria mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Contudo, ela não é apenas mais intensa do que uma simples dor de cabeça. Segundo o Dr. Paulo Renato Fonseca, diretor científico da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor e diretor da Aliviar Medicina da Dor, a enxaqueca crônica pode ocorrer de vez em quando e ser forte, mas também pode, ao longo do tempo,reduzir de intensidade, tornando-se muito frequente. “Se forem mais de 15 dias de dor no mês, consideramos diária”, explica.
Segundo o médico, na enxaqueca crônica a dor é de moderada a forte e pode ser agravada depois da prática de exercícios físicos. Ela é unilateral, ou seja, atinge apenas um lado da cabeça. “Pode ser acompanhada por náuseas, vômitos, sensibilidade ao som e luz, e, se não medicada, chega a causar fenômenos visuais, nos movimentos e na fala.”
Os demais sintomas podem ser tão intensos e incômodos a ponto de impedir o indivíduo de exercer qualquer atividade, obrigando-o a ficar deitado, num quarto escuro, em silêncio, durante horas ou dias.
Ao fim de uma crise de enxaqueca, que dura de 3 a 72 horas, o paciente têm sintomas de ressaca, podendo apresentar, por mais de um dia, tolerância limitada para atividade física e mental.
Alimentação pode ser a culpada
Uma causa recorrente da enxaqueca crônica é a alimentação. “É muito comum ouvirmos no consultório que ‘se eu fico muito tempo sem comer, a dor de cabeça vem’. Isso é verdade, chama-se cefaleia por privação de refeição”, explica.
Segundo ele, alguns tipos de alimentos como álcool, amendoim, queijos, embutidos, conservas, enlatados e alguns adoçantes artificiais, assim como a privação de café – para quem o consume muito – pode, de fato, causar muita dor de cabeça.
Atualmente, a enxaqueca também pode ser um fator de risco para outras doenças. Pesquisas recentes comprovaram que quem sofre da doença tem um maior risco de AVC e doenças cardiovasculares. O risco aumenta se associado atabagismo e uso de alguns anticoncepcionais. Nesses casos, a enxaqueca aparece como fator de risco tão importante quanto à hipertensão arterial, diabetes e obesidade.
Outro estudo publicado numa revista americana concluiu que a enxaqueca pode, a longo prazo, alterar o cérebro permanentemente. Exames de ressonância cerebral em pacientes com a doença mostraram maior frequência de lesões cerebrais, pequenos AVC’s e atrofia em algumas áreas cerebrais.
Tratamento
Para diagnosticar a enxaqueca, não existem exames laboratoriais. Desta forma, médicos conversam com seus pacientes e fazem perguntas sobre o estilo de vida e a frequência das enxaquecas, entre outros questionamentos.
Segundo o médico, o mais difícil é classificar o paciente, sem esquecer que a mesma pessoa pode ter vários tipos diferentes de dores de cabeça ao mesmo tempo ou intercaladas. “Depois, é preciso afastar a possibilidade de ser consequência de outra doença, os motivos de agravamento, como estresse e sono não reparador, além de determinados tipos de alimentos, como o álcool e conservas.”
Durante o diagnóstico, Paulo Renato explica que usa um “diário de cefaleia” para que ele e o próprio paciente percebam melhor as características da doença. O próximo passo é o tratamento medicamentoso.
Depois de diagnosticado, o paciente portador de cefaleias deve ter uma vida regrada e reconhecer os fatores que agravam ou iniciam as crises. A dica do médico para conviver bem com a doença é estar sempre em contato com um especialista em dores crônicas ou um neurologista cefaliatra (pode ser encontrado no site da Sociedade Brasileira de Cefaleia). “Isso é um facilitador do tratamento”, sugere.
Outro ponto é conhecer bem a si mesmo e a sua dor. “Fique atento aos detalhes que amenizam ou agravam as crises.Evite a automedicação, tenha disciplina quanto aos horários e use a medicação de forma correta para prevenir e/ou tratar as crises”, finaliza o especialista.
Fonte: A Revista da Mulher
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