O feto também sofre as consequências do excesso de peso materno
Os estudos mostram que a prevenção à obesidade deve começar cedo. Mulheres obesas, ao engravidar, tendem a ganhar mais peso, a ter dificuldade de emagrecer depois do parto e a engordar em gestações futuras.
O feto também sofre as consequências do excesso de peso materno. Entre elas:
1) Ganho excessivo de peso na gravidez aumenta o risco de diabetes gestacional, que afeta o crescimento, o metabolismo e a adiposidade fetal.
2) Se o bebê for do sexo feminino, ao crescer com tendência à obesidade, repetirá o ciclo ao engravidar.
3) O período pré-natal e o primeiro ano depois de dar à luz são cruciais para reduzir a obesidade entre as mulheres e preveni-la nas crianças. Em animais, perturbações dietéticas, hormonais e mecânicas nessas fases induzem distúrbios irreversíveis na adiposidade e no metabolismo da vida adulta.
4) Estudos epidemiológicos identificaram os seguintes fatores pré-natais associados ao risco de obesidade na infância e na vida adulta: mães que fumaram durante a gravidez, depressão antes do parto, diabetes gestacional, estresse psicológico (como reflexo da exposição fetal aos glucocorticoides) e até alterações do DNA do cordão umbilical.
5) Ganho rápido de peso nos primeiros três a seis meses de vida aumenta o risco de obesidade e de doença cardiovascular na vida adulta. A lactação não explica inteiramente essas alterações, já que os bebês amamentados no peito materno tendem a ganhar mais peso do que os demais.
6) Bebês alimentados com leite em pó, que começam a comer sólidos antes dos quatro meses, apresentam risco seis vezes mais alto de se tornarem obesos aos três anos de idade. A idade ideal para a introdução de sólidos parece estar entre os quatro e os seis meses.
7) Nosso corpo contém dez vezes mais bactérias do que células. O intestino do feto é estéril, mas, ao nascer, é colonizado na passagem pelo canal de parto. Crianças nascidas de cesariana correm risco mais alto de se tornarem obesas.
8) Está bem documentado que dois fatores pré-natais (ganho de peso materno e fumo durante a gravidez) e dois pós-natais (período mais curto de amamentação e menos horas de sono) estão associados à obesidade infantil. Um estudo com crianças em idade escolar mostrou que filhos de mães que não fumaram nem ganharam peso excessivo durante a gravidez, amamentados no peito por pelo menos 12 meses, período no qual dormiam por 12 ou mais horas por dia, apresentavam 6% de prevalência de obesidade, contra 29% nas crianças em que os quatro fatores estavam na condição oposta.
9) Fatores raciais e socioeconômicos alteram o risco de obesidade na criança. Nos filhos de negros e brancos mais pobres, o risco é mais alto. A prevenção da obesidade deve começar no período pré-natal e nos primeiros meses de vida, muito mais cedo do que imaginávamos.
Fonte: Dr Drauzio Varella
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