A maioria das pessoas já conhece a linhaça e muitas, inclusive, têm o hábito de consumi-la na forma de semente ou farinha, geralmente misturada a algum alimento (como fruta) ou bebida (suco ou shake).
A linhaça é considerada um alimento funcional devido aos inúmeros benefícios à saúde, tanto na prevenção de doenças como no tratamento de outras e também por ser aliada no processo de emagrecimento. Mas, o que nem todo mundo sabe é que o consumo do óleo também é benéfico, e mais: pode ainda ser aliado da beleza dos cabelos e da pele.
Sara Bragança, médica especializada em Terapia Ortomolecular, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, destaca que o óleo de linhaça vem das sementes da planta do linho (Linum usitatissimum L.).
Mariana Ferri D’avila, nutricionista clínica e esportiva, comenta que há dois tipos de linhaça: marrom e dourada. “Os benefícios nutricionais são semelhantes, sendo que a segunda tem um teor de ácido graxo essencial (gordura boa) um pouco maior do que a primeira”, diz.
No mercado é possível encontra a linhaça na forma de semente, óleo e farinha e, apesar dos benefícios gerais do alimento, cada uma dessas formas apresenta suas particularidades.
Linhaça: semente X farinha X óleo
Mariana explica que a semente da linhaça contém muita fibra, presente na casca (1 colher de sopa de linhaça contém 4g de fibra). “Essa fibra é excelente para a melhora do funcionamento do intestino, para ajudar no aumento da saciedade, diminuição da compulsão alimentar e prevenção de câncer de cólon”, diz.
“Outro nutriente encontrado na semente de linhaça são os ácidos graxos poli-insaturados (ômega 3 e 6). No entanto, para que haja absorção dessa gordura boa, é necessário que ocorra uma quebra na casca da linhaça, pois nosso organismo não possui nenhuma enzima capaz de fazer isso, e muitas vezes nós não conseguimos essa quebra apenas com a mastigação. Uma dica é triturar no mix ou liquidificador até que vire uma farinha e consumir em até dois dias, mantendo em recipiente fechado em geladeira”, comenta a nutricionista.
A farinha de linhaça é a própria semente já triturada e vendida embalada, conforme destaca Mariana. “É uma opção mais prática. Porém, sabe-se que parte dos nutrientes é perdida nesse processo. Se for consumir a farinha de linhaça, opte por aquela em que venha escrito: estabilizada”, diz.
O óleo de linhaça, por sua vez, é um óleo poli-insaturado que possui grandes benefícios para a saúde. “Porém, o óleo puro não contém as fibras da linhaça e outros benefícios dela”, diz Mariana.
Flávia de Oliveira José, farmacêutica da Doce Flora, professora de Cosmetologia e coordenadora do curso técnico de Farmácia da Esaup (Escola da Saúde de Piracicaba), explica que a semente de linhaça possui cerca de 39% de óleo em sua composição e, então, o óleo é retirado das sementes por prensagem a frio. “Isso garante a preservação das propriedades medicinais de seus ácidos graxos, preservando sua forma CIS, que é a forma ideal para o uso terapêutico e cosmético”, diz.
Benefícios do óleo de linhaça
Conheça as principais vantagens do consumo e/ou uso do óleo de linhaça:
1. É rico em Ômega-3 e Ômega-6
Flávia explica que o óleo de linhaça é um dos alimentos mais ricos em Ômega-3 da natureza e também possui Ômega-6.
“A relação ideal entre Ômega-3 e Ômega-6 é de 1:4 respectivamente, enquanto o óleo vegetal de linhaça apresenta uma relação de 1:3, muito próxima do ideal. Os ômega 3 e 6 são conhecidos como essenciais, pelo fato do organismo humano não sintetizá-los, tornando-se indispensável o consumo na dieta”, explica a farmacêutica.
Mariana comenta que os benefícios do óleo de linhaça se devem especialmente ao alto teor de Ômega-3 (55% do óleo presente na linhaça é Ômega-3): “um tipo de gordura insaturada que agrega muito à nossa saúde, pois tem potente ação anti-inflamatória”.
2. Possui ação preventiva
O óleo de linhaça é considerado um alimento funcional, pois seu uso pode trazer benefícios à saúde, contribuindo assim para o bem-estar físico e reduzindo o desenvolvimento de doenças. “Prevenir e controlar cânceres, como o de mama e o de pulmão, entre outros benefícios têm sido ressaltados por estudos recentes”, diz Flávia.
“Também são destacados possíveis efeitos contra a osteoporose e no alívio de sintomas da menopausa”, acrescenta a farmacêutica.
Mariana ressalta que, se usado em quantidades adequadas, o óleo de linhaça pode ser benéfico em casos de: acne, psoriase, saúde capilar, dores articulares, lupus, TPM e sintomas da menopausa.
Acredita-se ainda que o óleo possa ter efeito benéfico em pessoas diabéticas, pois contribui para a estabilização dos níveis de açúcar no sangue, além de ajudar a prevenir a obesidade. Mas, claro, para isso, deve ser consumido sob orientação de um médico ou nutricionista.
3. Ajuda a controlar o colesterol e previne contra doenças cardiovasculares
Devido à presença de Ômega-3, o óleo de linhaça, quando utilizado corretamente, pode ajudar a diminuir o LDL (colesterol ruim) e aumentar o HDL (colesterol bom); reduzir a inflamação nas artérias, prevenindo, assim, doenças como a aterosclerose (formação de placas nos vasos).
4. Faz o intestino funcionar bem
Por ser um óleo, ajuda no bom funcionamento do intestino, já que é capaz de emulsificar o bolo fecal, facilitando a sua eliminação.
5. Deixa a pele mais saudável
O óleo de linhaça pode ser ainda aliado da saúde da pele e, consequentemente, de sua beleza, pois, graças a propriedades antioxidantes, ajuda a evitar o envelhecimento precoce da pele e a prevenir alguns tipos de inflamação, como, por exemplo, a acne.
6. Fortalece unhas, dentes e ossos
Flávia destaca que estudos têm apontado ainda que o consumo de linhaça ajude e fortalecer unhas, dentes e ossos, além de tornar a pele mais saudável.
“Porém, mais estudos são necessários para estipular, com segurança, as doses adequadas de consumo, de acordo com as particularidades individuais”, acrescenta a farmacêutica.
Óleo de linhaça x outros óleos
Mas, afinal, quais são as principais diferenças entre óleo de linhaça, óleo de coco, óleo de abacate, óleo de gergelim, óleo de canola?
Flávia explica que a principal diferença entre esses óleos são os constituintes lipídicos. “Alguns têm ácidos graxos saturados de cadeia média; outros, ácidos graxos insaturados; além das vitaminas que são muito específicas de cada um”, diz.
“Mas, para simplificar, são óleos vegetais, chamados de gorduras ‘boas’, pois não provocam a oxidação e formação de radicais livres (um dos vilões do envelhecimento precoce). Além de terem características muito semelhantes aos constituintes da pele, evitando a irritação e possíveis alergias, no caso de uso tópico”, acrescenta a farmacêutica.
Sara ressalta que as principais diferenças entre os óleos usados na cozinha consistem no tipo de gordura (ácidos graxos) presente, assim como suas propriedades. “O óleo de coco, por exemplo, possui uma prevalência de ácidos graxos saturados. Já o óleo de canola é fornecedor de gordura monoinsaturada, e os óleos de milho e girassol fornecem ácidos graxos poli-insaturados. As gorduras saturadas, presentes no óleo de coco, são mais resistentes e estáveis a altas temperaturas (como as utilizadas no preparo de alimentos), sendo uma boa escolha para cozinhar. Já as gorduras mono e poli-insaturadas são sensíveis ao calor e podem acabar se tornando nocivas à saúde no final do cozimento”, diz.
“O óleo de abacate, por sua vez, é rico em betassitosterol, gorduras monoinsaturadas, vitamina A e vitamina E. Ajuda a reduzir os níveis de cortisol, hormônio responsável pela compulsão por comer e pelo acúmulo de gordura na região do abdome. Pode ser consumido puro ou em receitas, inclusive em temperaturas elevadas”, acrescenta a médica.
Dessa forma, sabendo que cada óleo tem suas particularidades, o ideal é contar com orientação de um nutricionista para incluir qualquer tipo de óleo na sua dieta, pois ele é o profissional que indicará qual é mais adequado às suas necessidades.
Como consumir o óleo de linhaça
Flávia explica que o óleo puro é encontrado em cápsulas nas farmácias e drogarias, e também pode ser encontrado em frascos para usar na alimentação.
Mariana explica que o ideal é usar o óleo em temperatura ambiente, “pois caso haja aquecimento excessivo, isso pode alterar a qualidade da gordura e a pessoa não obter os benefícios desejados”.
“A quantidade e o consumo devem ser passados de forma individualizada, pois o excesso pode prejudicar a saúde, principalmente por prolongar tempo de sangramento e suprimir alguns mediadores inflamatórios. Eu costumo alertar sempre que a dose é fundamental para algo que poderia ser um remédio não virar um veneno”, comenta a nutricionista.
Óleo de linhaça emagrece?
Esta é uma das principais perguntas sobre o óleo de linhaça. Mas, o assunto causa controvérsias.
Há quem defenda que o óleo de linhaça é um bom aliado no processo de emagrecimento pois, devido à presença de Ômega-3, é capaz de combater processos inflamatórios, como o acúmulo de gordura. Dessa forma, atuaria diretamente dentro da célula de gordura (adipócito), diminuindo a inflamação.
Além disso, conforme destaca Sara, o óleo de linhaça tem efeito sacietógeno, reduzindo a fome. Isso porque, como é um tipo de gordura, demora para ser digerido, impedindo que a pessoa tenha vontade de comer novamente pouco tempo depois de ter se alimentado. “E ele ainda acelera o metabolismo”, diz.
Porém, vale destacar, ele não faz nenhum tipo de “milagre” e, provavelmente, só oferecerá benefícios para quem deseja emagrecer se estiver aliado a uma boa alimentação e à prática de exercícios físicos. Além disso, é recomendado que ele seja consumido sob orientação de um nutricionista ou médico.
Para Mariana, se o intuito é emagrecer, o ideal é comer a linhaça triturada. “Pois assim, além dos benefícios do Ômega-3, a pessoa terá o alto teor de fibras dietéticas que ajudam na saciedade e diminuem compulsão alimentar”, diz a nutricionista.
Óleo de linhaça para os cabelos
Flávia explica que o óleo de linhaça pode ser usado em cremes e emulsões cosméticas:
- Devido às suas propriedades emolientes;
- Para recompor a oleosidade, promovendo hidratação e nutrição da fibra capilar;
- Diminuindo o frizz;
- Melhorando a maleabilidade e evitando a quebra dos fios;
- Deixando os cabelos mais brilhantes e macios, e suaves ao toque.
“O óleo de linhaça é encontrado em xampus e condicionadores, como o da Elseve Óleo Extraordinário, uma linha completa de produtos para cabelo com óleo de linhaça, entre outros óleos vegetais”, comenta a farmacêutica.
Flávia explica que o óleo pode ser adicionado em xampu, condicionador e creme para pentear, ou até em silicones reparador de pontas. “Sempre lembrando da importância de consultar um farmacêutico para saber a quantidade a ser usada e possíveis incompatibilidades com os produtos. Evitar sempre passar diretamente na raiz dos cabelos, pois o excesso de oleosidade ‘abafa’ os fios e provoca a queda de cabelo”, orienta.
Óleo de linhaça em produtos de uso tópico
Flávia destaca ainda que o óleo de linhaça é muito empregado em cremes e emulsões cosméticas pelas suas propriedades emolientes e para recompor a oleosidade em peles ressecadas e com problemas de escamação.
“É usado em bronzeadores e produtos solares e pós-solares devido à sua capacidade de proteção e regeneração da pele dos danos e queimaduras causados pelos raios solares”, acrescenta a farmacêutica.
Fonte: dicasdemulher
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