Embora o nome seja comum, bastante gente ainda tem dúvida sobre o que é a tendinite. O problema, que pode acometer pessoas de todas as idades, é resumido como a inflamação de um ou mais tendões. Pode ocorrer em qualquer tendão do corpo, mas envolve com mais frequência os tendões dos ombros, cotovelos, mãos e punhos, tornozelos e pés.
José Ribamar Moreno, reumatologista, especialista em dor, mestre em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador responsável do Centro de Tratamento Intensivo da Dor (CTIDor), explica que a tendinite é uma doença caracterizada pela inflamação dos tendões, que são as estruturas que transmitem a tração muscular ao osso e permitem o movimento. “Podem ser pequenos, como nas mãos, ou grandes, como o tendão do calcanhar”, diz.
As causas da tendinite, de acordo com o especialista, quase sempre são mecânicas, por conta de esforços repetitivos e prolongados, excesso de força ou posição viciosa. “Podem ser também químicas, quando relacionadas à desidratação de tendões e músculos, além de alimentação inadequada, que pode provocar o acúmulo de toxinas no organismo”, diz.
Moreno destaca que os tendões dos membros inferiores próximos das articulações do tornozelo e joelho, como tendão de Aquiles e patelar, são os mais acometidos.
A tendinite muitas vezes está relacionada à profissão ou atividade do paciente, quando, por exemplo, ele faz movimentos repetitivos para desempenhar a sua função.
“Profissões ou atividades com muita carga ou impacto podem associar-se aos principais fatores desencadeantes que são o trauma ou trauma repetido do tendão”, destaca Moreno.
Exemplos de profissionais que podem ser afetados pela tendinite são: telefonistas, pianistas, bailarinos, atletas (tenistas, jogadores de futebol, voleibol e handebol), digitadores etc.
Sintomas que você não deve ignorar
Mas, afinal, quais são os sinais que realmente estão associados à tendinite?
Abaixo, Moreno fala sobre os principais sintomas da tendinite nas diferentes partes do corpo:
Tendinite nos ombros (Tendinite do Bíceps)
- Dor ao movimentar o braço ou os ombros, principalmente em movimentos acima do ombro.
- Dor na palpação (toque) da região.
Tendinite no cotovelo (Tendinite de Tríceps)
- Dor ao dobrar e/ou esticar o braço.
- Rigidez no músculo e tendão da região do cotovelo.
- Inchaço próximo ao cotovelo.
Tendinite nos joelhos
- Dor e sensibilidade ao redor do tendão patelar e atrás dele.
- Dor ao andar ou praticar atividade física.
- Dor ao subir e descer escadas.
- Dor ao dobrar ou esticar a perna.
- Inchaço na região do joelho.
Tendinite no quadril
- Dor no quadril, que pode irradiar para perna.
- Dificuldade de movimentar a perna, caminhar, sentar ou deitar sobre o lado afetado.
- Câimbras frequentes, principalmente após um tempo de repouso.
Tendinite nos pulsos e mãos
- Dor local.
- Edema.
- Limitação dos movimentos das mãos.
Tendinite nos tornozelos e pés.
- Edema e rigidez no tendão.
- Dor intensa após o exercício.
- Dor ao levantar os dedos do pé e/ou alongar.
- Limitação da movimentação do tornozelo.
Causas da tendinite e fatores de risco
Vale destacar que o tendão não é elástico como o músculo, e nem tão forte quanto o osso. Dessa forma, em casos de sobrecarga, é a estrutura que costuma sofrer mais.
Moreno reforça que as causas da tendinite quase sempre são mecânicas: por conta de esforços repetitivos e prolongados, excesso de força ou posição viciosa. Mas podem ainda estar associadas à desidratação de tendões e músculos, e também à alimentação inadequada (que pode provocar o acúmulo de toxinas no organismo).
Existem alguns fatores de risco importantes. Moreno explica que são múltiplos os fatores que se associam e, em certo momento, apresentam os sintomas da tendinite. Os principais deles são:
- Problemas posturais;
- Movimentos repetitivos e prolongados;
- Excesso de força;
- Deformidades como encurtamento de um dos membros;
- Deformidade do pé;
- O uso de calçados inadequados;
- Causas anatômicas locais;
- Causas gerais, como sobrepeso ou obesidade, sedentarismo e baixo condicionamento aeróbico.
Tudo isso, de acordo com o especialista, pode provocar o quadro de lesão e inflamação do tendão, conhecido como tendinite.
Como a tendinite é diagnosticada?
Moreno explica que o diagnóstico é feito com base no exame físico e relato do paciente. “O especialista irá procurar indícios de sensibilidade e dor nos locais indicados pelo paciente e fazer testes específicos para cada tendão. Exames de imagem podem ser solicitados para avaliar o grau da inflamação e confirmar o exame físico”, diz o reumatologista.
“Depois de atividades aeróbicas, os alongamentos são um tipo de preparo para se saber se cada parte do corpo está cumprindo o ângulo completo necessário para a prática do movimento naquele esporte e se está tudo bem, se não há limitação, dor ou alguma coisa que impeça a realização do movimento. Por exemplo, o ombro deve fazer uma movimentação de 180 graus”, acrescenta o especialista.
É importante procurar o médico quando notar os sinais associados à tendinite, especialmente quando eles persistirem. Na consulta, é necessário descrever todos os sintomas e aproveitar para tirar as dúvidas sobre o problema (por exemplo, perguntar se você pode ou não continuar fazendo determinada atividade etc.).
Quais são as opções de tratamento?
Moreno destaca que o tratamento deve ser feito imediatamente com gelo no local por 40 minutos de 3 a 6 vezes por dia, analgésicos e anti-inflamatórios por 5 dias. “Existem também as terapias físicas analgésicas, como a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS, na sigla em inglês)”, diz.
”É importante buscar uma fisioterapia monitorada para estabilização da articulação, dos tendões e músculos envolvidos na função e no movimento do membro afetado. Em casos graves com roturas (rupturas), dor incapacitante e déficit de função, o tratamento só deve ser realizado por um especialista”, ressalta Moreno.
Vale destacar que medicamentos só devem ser tomados se prescritos pelo médico. “A automedicação pode mascarar sintomas, por isso é importante ter um tratamento adequado e bem orientado desde o começo, principalmente em atletas profissionais”, diz o especialista.
“A tendinite pode levar à dor na região do corpo, além de incapacitação, perda de massa muscular, perda de massa óssea, dor crônica e, algumas vezes, incapacitação permanente, nos casos mais graves”, alerta Moreno.
Tratamentos alternativos
Moreno ressalta que as terapias físicas, como colocar bolsa de gelo envolta em toalha fina úmida 3 vezes por dia, por 40 minutos, por 2 semanas, são fundamentais.
“O calor por ultrassom ou ondas curtas, manipulação fisioterápica, exercícios terapêuticos assimétricos, acupuntura e eletroestimulação transcutânea também são importantes no tratamento das tendinites”, acrescenta o especialista.
Como prevenir a tendinite?
1. Procurar ajuda médica. “A melhor maneira de se evitar a tendinite é, após se sentir a dor ou qualquer sintoma que lembre uma lesão muscular ou de tendão, procurar um especialista e iniciar um tratamento bem prescrito que envolva redução da dor e dos sintomas e reabilitação intensiva e acelerada. Médicos especialistas na área de dor e ortopedistas são os mais indicados”, explica Moreno.
2. Reduzir a carga nos esportes e manter alto condicionamento. “Para quem pratica esportes, a melhor forma de prevenção é tentar reduzir a carga sobre os tendões dos membros inferiores e manter alto condicionamento aeróbico, visto que os tendões não têm vasos sanguíneos e precisam de muito oxigênio para funcionar bem e se regenerarem rápido. Um dos fatores fundamentais para se manter o alto fluxo sanguíneo e, com isso, a boa oxigenação dos tendões, é hidratação ou até hiper-hidratação nos casos de esportes mais extenuantes”, orienta o especialista.
3. Alongar-se. Fazer alongamentos antes e depois dos exercícios físicos também é recomendado.
4. Evitar movimentos repetitivos, prolongados, excesso de força ou posição viciosa. “É necessário retirar todos os fatores locais que podem propiciar o surgimento de lesões e evitar acidentes e traumas diretos”, destaca Moreno. Um hábito importante que pode ser adotado, por exemplo, é fazer mais pausas durante o trabalho.
Por fim, vale lembrar que somente um médico poderá dizer qual é o tipo de tratamento mais indicado para o seu caso, se será ou não necessária a utilização de medicamento. O importante é seguir sempre à risca as orientações do profissional e nunca se automedicar (o que poderia mascarar os sintomas da tendinite).
Fonte: dicasdemulher
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