Encarar a vida com bom humor fortalece a mente e o corpo, tornando-nos mais aptos para enfrentar situações de crise; uma boa gargalhada causa relaxamento e diminui a sensibilidade à sensibilidade à dor, com a liberação de endorfinas na corrente sanguinea.
Recentemente, em vista de várias descobertas encorajadoras, médicos e psicólogos começaram a investigar mais intensamente o efeito terapêutico do senso de humor e dos momentos de alegria. Quanto ao primeiro há divergências, já que o que é engraçado para uns pode não ter a menor graça para outros. Já a principal dificuldade para conhecer os efeitos de uma boa gargalhada no estado geral de saude de uma pessoa é o fato de que essa manifestação dura pouco mais que alguns segundos e nem sempre é possível induzi-Ia.
Estudos mostram que o tônus muscular continua reduzido até 45 minutos após um ataque de riso; ou seja, rir tem efeito relaxante. A concentração do hormônio do stress, o cortisol, no sangue é reduzida quando as pessoas estão alegres.
Como um nível permanentemente elevado de cortisol enfraquece a defesa imunológica, é possível concluir que a alegria pode proteger contra doenças. A sensibilidade à dor também costuma ser reduzida por sentimentos agradáveis. Isso se atribui, em muitos casos, à liberação de endorfinas, que desencadeiam sentimentos de prazer no cérebro, bloqueando a transmissão de estímulos dolorosos.
Para o jornalista americano Norman Cousins não existia nenhum analgésico melhor do que assitir a uma apresentação da banda blues brothers, fundada em 1978 pelos comediantes Dan Aykroyd e John belushi. Morto em 1990, ele sofreu durante anos de artrite reumatóide, uma inflamação crônica e extremamente dolorosa das articulações da coluna vertebral. Aparentemente, nada conseguia diminuir o seu sofrimento sem efeitos colaterais desagradáveis – com exceção das piadas dos humoristas. Dez minutos de riso aberto agraciavam Cousins com aproximadamente duas horas livres de dor.
Surpreendentemente, ele conseguiu conter a reação inflamatória de seu corpo. Em seu livro Anatomy of an illness (Anatomia de uma doença) conta o sucesso do seu tratamento de riso autoprescrito. Recuperado, engajou-se como pesquisador na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, especializando-se no estudo do humor. O credo da comunidade inspirada nessa cura aparentemente miraculosa é: a alegria não apenas protege contra doenças físicas e psíquicas, mas também pode curá-las.
Durante muito tempo, o “humor terapêutico” só encontrou adeptos fora de clínicas e laboratórios. Mas recentemente, em vista de várias descobertas encorajadoras, médicos e psicólogos começaram a investigar mais intensamente o efeito de proteção e cura do senso de humor e da predisposição à alegria. Segundo o filósofo iluminista Immanuel Kant (1724-1804), apenas três coisas podem realmente fortalecer o homem contra as tribulações da vida: a esperança, o sono e o riso. Na Antiguidade, Aristóteles (384 a.C-322 a.c.), já via no riso “um exercício corporal de grande valor para a saúde”. Esse reconhecimento geral ainda existe – ainda que os cientistas admitam não saber muito bem como esses benefícios ocorrem e seja difícil comprovar a relação entre diversão e saúde. O principal empecilho para conhecer mais sobre o assunto é o fato de que as consequências mensuráveis da gargalhada, por exemplo, duram pouco mais que alguns segundos. Os efeitos agudos que se seguem ao riso assemelham-se a sua manifestação física – os músculos contraem-se, os batimentos cardíacos aceleram-se e aumentam a pressão sanguínea, a frequência respiratória e a conversão de oxigênio.
Como já indicaram testes psicológicos realizados nos anos 30, o tônus muscular continua reduzido até 45 minutos após o riso, ou seja: o corpo continua relaxado. Sabe-se também que a concentração do hormônio do stress, o cortisol, no sangue é reduzida quando as pessoas estão alegres. Como um nível sempre elevado de cortisol comprovadamente enfraquece a defesa imunológica, é possível concluir que a alegria protege contra doenças. A sensibilidade à dor também é reduzida. Isso pode ser atribuído à liberação de endorfinas, que desencadeiam sentimentos de prazer no cérebro, bloqueando a transmissão de estímulos dolorosos. Mas pouco tempo depois tudo volta a ser como antes – pelo menos até que surja o próximo ataque de alegria. Em 2007 pessquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, registraram valores reduzidos da mensageira cromogranina A (CgA) na saliva de pessoas que haviam visto um filme engraçado, em comparação com observadores de um vídeo neutro. A CgA é liberada principalmente pela medula suprarrenal quando o sistema nervoso vegetativo entra em colapso. Ao que tudo indica, a divertida comédia antagonizou esse processo.
Outros estudos, no entanto, não puderam comprovar a influência do riso sobre a reação hormonal ao stress. Um motivo possível da falta de conclusão é o fato de as formas de humor serem extremamente variadas – da leitura de um gibi ou audição de um gracejo, passando pela autoironia, sarcasmo, jogo de palavras, o riso ou tiradas cômicas por embaraço, inveja ou malícia, até cenas ao estilo de o Gordo e o Magro. Estudiosos do humor, também chamados gelotólogos (do grego gelos – riso), diferenciam até 2.500 dessas expressões. Muitas delas realmente nos divertem ou provocam um leve sorriso, mas não é preciso necessariamente rir em voz alta.
Disfarce do tédio
Por outro lado, nem todo riso implica humor. O psicólogo Robert Provine, da Universidade de Maryland, em Baltimore, Estados Unidos, descobriu que apenas uma em cada cinco das 20 risadas que um adulto dá, em média, em um dia, tem base humorística. A maior parte desses risos mudos e das risadas discretas transmite mensagens como concordância e simpatia, expressa empatia e identificação ou disfarça agressividade, irritação ou tédio e exclui outras pessoas.
Assim, no que diz respeito aos efeitos medicinais, deve-se diferenciar mais detalhadamente o riso e o humor. Este último indica principalmente um desempenho mental, a capacidade de enxergar situações ou pessoas de formas bastante específicas. Consequentemente, vários pesquisadores buscam a chave para os benefícios da piada mais no pensamento do que nas reações psicológicas imediatas.
O equivalente psicológico da resistência física é a resiliência, uma espécie de “força mental”, expressa na capacidade de suportar crises, perdas ou frustrações e encontrar algo positivo mesmo em experiências dolorosas – seja o fim de um relacionamento ou a perda do emprego. Para o psicólogo da Universidade de Zurique Willibald Ruch, estudioso do tema, há uma relação entre a resiliência e a postura bem-humorada diante das mais variadas situações cotidianas: “O humor fortalece o psiquismo e ajuda as pessoas a enfrentar dificuldaades”, defende.
Em 1990, um estudo de Nancy Yovetich e colegas da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos, já apontava para essa mesma direção. Os pesquisadores propuseram que estudantes universitários participassem de um teste de dor no laboratório. Enquanto os voluntários esperavam levar um pequeno choque elétrico, parte deles ouviu uma história engraçada em um gravador. Ao demais foi apresentado um relato seco e impessoal.
Tanto entre os “submetidos ao riso” quanto entre aqueles que foram apenas distraídos, a frequência cardiaca (sinal de medo) permaneceu inalterada. No entanto, os participantes do grupo da piada encararam a dor esperada de forma mais relaxada, como demonstrou o questionamento subsequente. O conteúdo da história fez a diferença: o humor tem efeito ansioIítico da distração neutra, não. Além disso, o resultado foi reforçado pelo fato de que todo participante que se mostrou mais predisposto ao riso no teste de personalidade prévio apresentou, de maneira geral, uma maior tolerância ao desconforto.
O pesquisador W. Ruch e suas colaboradoras Karen Zweyer e Barbara Velker chegaram às mesmas conclusões em 2004, em um outro experimento. Os participantes tinham de colocar o braço em um balde cheio de água gelada, o que causa, depois de pouco tempo, uma pontada desagradável. Quem suportou o procedimento por mais tempo em média! Aqueles com maior senso de humor, medido pela reação a uma apresentação de sete minutos de Mr. Bean, que expressaram alegria ativamente durante o filme, suportaram a dor estoicamente mais tarde.
O senso individual de humor é medido, por exemplo, pelo teste State-Trait-Cheerfulness-Inventory (STCI) , um questionário desenvolvido por Ruch e colegas, na metade da década de 90. As questões do STCI distinguem entre o estado momentâneo de humor (state) – desencadeado, por exemplo, por algo engraçado – e a tendência duradoura (trait) de prestar à atenção em coisas engraçadas ou mesmo produzi-Ias. Como demonstrou uma pesquisa realizada pela internet com mais de 2.500 pessoas, a satisfação vital aumentava de forma proporcional à tendência ao humor: no balanço final, quem dá valor ao riso parece ser mais feliz.
Outro jeito de ver
Em um experimento anterior, o estudioso do humor já havia comprovado algo semelhante. Os sujeitos da pesquisa tiveram de solucionar uma série de tarefas simples em uma sala sombria, pintada de preto, enquanto um segundo grupo realizou a mesma atividade em um cômodo confortável e claro. No teste de estado de espírito subsequente, os sujeitos da sala escura obtiveram piores resultados. E, mais uma vez, aqueles com maior tendência ao humor estiveram em vantagem: o ambiente sombrio afetou-os menos.
Mas o que diferencia exatamente uma visão bem-humorada de uma postura mais séria diante da vida? Segundo a teoria da incongruência, na base do gracejo e do humor está quase sempre um artifício mental, um paradoxo ou um deslocamento: há graça quando coisas díspares são combinadas. Um exemplo simples: “O senhor pode me dizer que horas são?”. Resposta curta: “Posso”. Uma réplica não muito original, mas que surpreende pela ambiguidade.
Assim como nesse caso, muitas vezes a graça surge quando as expectativas sobre o que outros pensam, querem ou fazem não se concretizam. Por falta de capacidade empática, autistas, por exempIo, quase nunca reconhecem o humor desse tipo de histórias. No entanto, é necessário mais um ingrediente para que algo seja divertido. Afinal, nem todo enngano ou enigma causa risos. O que falta é a resolução surpreendente da irregularidade, que faz com que tudo seja visto por outro viés. Para tanto, é necessário uma mudança mental de perspectiva – e dentro de poucos segundos. Mais tarde, a troca pode até parecer espirituosa, mas não mais engraçada. Por isso um texto cômico ouvido pela primeira vez tem maior impacto.
O fundador do HumorCare, uma instituição de apoio ao humor terapêutico Micahel Titze, considera que essa “visão diferente” decisiva, ajuda a criar um distanciamento cognitivo de si mesmo e da situação. Voltar-se para o lado cômico quebra padrões fixos, relativiza a própria visão e elimina o caráter ameaçador de várias situações. Em resumo: aquilo de que rimos não nos causa nó no estômago.
Sigmund Freud escreveu em um ensaio de 1928: “Sem dúvida a essência do humor consiste em que alguém se livre dos efeitos que a situação teria provocado normalmente, considerando por meio de um chiste a possibilidade de semelhante desenlace emocional”. O criador da psicanálise via o humor como válvula de escape da psique, um recurso que, de certa forma, se aproximava do delírio. Ele demonstra sua tese recorrendo ao exemplo de um condenado à morte que é levado para o cadafalso em uma segunda-feira e, a caminho, comenta: ”Esta semana está começando bem!”. Para Freud, quem consegue fazer piadas sobre a própria sorte está acima de seu destino.
Ginástica do diafragma
Certamente, nem todo gracejo nos garante consolo pelas mazelas do mundo. Da mesma forma, a incongruência e sua resolução surpreendente também não é, necessariamente, parte de algo cômico. A diversão pelo absurdo surge sem reavaliações mentais: se alguém escorrega em uma casca de banana ou age de forma atrapalhada, isso nos leva a rir porque extrapola os limites do habitual ou do socialmente aceitável. Esse tipo de nonsense diverte principalmente as crianças – que, aliás, riem muito mais do que adultos: até 400 vezes por dia!
Na chamada yoga do riso não existe nenhum motivo para a alegria. A “ginástica do diafragma”, que se tornou popular em alguns países nos últimos anos, inclui risadas por comando, sem que exista algo engraçado acontecenndo – com exceção, talvez, da própria situação em que um grupo de pessoas cai de repente em uma gargalhada coletiva. Depois que a avalanche começa, o riso produz efeito contagiante, semelhante ao do bocejo. Por iniciativa do criador dessa técnica, o médico indiano Madan Kataria desde 11 de janeiro de 1998 é comemorado em Mumbai (antiga bombaim) o “Dia do riso”. O costume espalhou-se por outros países, onde, em datas variadas, uma vez por ano ocorrem festas e eventos similares dedicados ao incentivo da alegria.
Vários participantes desses cursos relatam que, relaxados, experimentam mais facilmente sentimentos de bem-estar. Especialistas se perguntam se “fingir rir” pode ser suficiente para ativar o escudo protetor do humor. Segundo uma teoria clássica da emoção, nossos sentimentos têm raiz nas reações físicas: o psicólogo americano William James (1842-1910) e o fisiólogo dinamarquês Carl Lange (1834-1900) argumentavam, no final do século XIX, que o ser humano não chora porque está triste, mas fica triste quando as lágrimas chegam. Segundo eles, primeiramente surge a comoção fisiológica – os músculos se retesam, o pulso acelera-se, glândulas sudoríparas e os canais lacrimais abrem suas comportas – e então surge, como consequência, o sentimento correspondente.
Mais tarde, psicólogos relativizaram essa visão, pois as pessoas podem interpretar uma palpitação desencadeada artificialmente algumas vezes como aleegria, outras como irritação. O caminho do corpo para a mente não é uma rua de mão única. Porém, os músculos e a mímica têm realmente o poder de influenciar estados de espírito. O psicóólogo social Fritz Strack, da Universidade de Würzburg, comprovou isso em um experimento simples: colocou um lápis na boca de seus voluntários e pediu-Ihes que o prendessem com os dentes ou com os lábios. No primeiro caso, a pessoa elevava os cantos da boca involuntariamente, num sorriso; no segundo, fazia uma cara de poucos amigos.
Essa pequena manipulação fez com que os sujeitos sorridentes achassem as histórias em quadrinhos que foram apreesentadas em seguida bem mais cômicas do que aqueles cujos cantos da boca tendiam para baixo. Se a simples contração dos músculos faciais já leva a emoções correspondentes, é sinal de que podemos sentir-nos bastante felizes quando o corpo todo estremece de tanto rir.
Lubrificante social
Ainda assim, a estudiosa do humor da Universidade de Tübingen, Barbara Wild, é cética sobre o efeito do riso forçado e de suas propriedades de nos tomar mais equilibrados. Segundo ela, rir serve, principalmente, para criar um sentimento de grupo. Quando se fazem gracejos coletivos, medos e inibições diminuem, os participantes sentem-se próximos uns dos outros e mais aptos a lidar com as situações incômodas. Ou seja, a gargalhada funciona como lubrificante social.
Segundo antropólogos, do ponto de vista evolucionário, o riso tem a função de ajudar a controlar sentimentos negativos e reduzir conflitos, aplacando stress e tensões. Assim, quase sempre é mais vantajoso se refugiar na ironia do que pular no pescoço do vizinho ou do colega irritante. Barbara Wild, junto com Appletree Rodden e lrina Falkenberg, que hoje trabalha no Hospital da Universidade de Aachen, Alemanha, tentou descobrir se – e como – pessoas que sofrem de psicopatologias podem tirar proveito dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais do humor. Para tanto, os pesquisadores concentraram-se em pacientes com depressão e integraram ao tratamento um programa de oito passos baseado em um treinamento para o humor para pessoas saudáveis, desenvolvido pelo médico americano Paul McGhee.
Inicialmente, a proposta é sensibilizar os pacientes para o aspecto cômico de uma conversa e acostumá-Ias a ver graça em situações cotidianas. É importante que se habituam a recordar acontecimentos curiosos ocorridos há pouco tempo e façam uma espécie de “arquivo mental”. Na etapa seguinte, as pessoas devem se empenhar em prestar mais atenção a aspectos cômicos em geral, reunir cartuns, imagens ou versos humorísticos ou até criar gracejos. Durante as reuniões do grupo é importante que o riso não se transforme em zombaria. Ou seja, os participantes não devem ser objeto de gracejo uns dos outros. Segundo McGhee, o trabalho deve ser cuidadoso, pois levar uma pessoa com depressão a fazer piadas sobre sua situação, como se isso não fosse importante, pode intensificar os sintomas.
Como sabemos, vários gracejos que fazemos em nosso dia a dia ocorrem à custa de outros-como loiras, argentinos, homossexuais ou caipiras, por exemplo. A piada surge muitas vezes como um “ataque verbal” ao qual não cabe punição. Assim, o humor “negativo”, que recorre a gracejos autodepreciativos ou agressivos dificilmente pode ter alguma propriedade terapêutica. Na opinião de Wild e Falkenberg, o humor não cura nenhum distúrbio psíquico, mas fornece a pessoas depressivas um recurso importante, principalmente no combate aos pensamentos negativos.
O psiquiatra Marc Walter, da Universidade de Basileia, na Suíça, relata que, em um estudo com 20 pacientes depressivos, todos com mais de 60 anos, que realizaram treinamento de humor, houve melhora significativa da satisfação geral, em comparação com os resultados obtidos no grupo de controle que seguiu a terapia-padrão. Walter vê nas “reuniões humorísticas” uma utilidade imediata: “Os pacientes abrem-se mais facilmente, tomam-se mais animados com o contato e aderem mais facilmente ao tratamento”. Segundo ele, porém, o humor e o riso por si sós não levam a um alívio – para obter esse resultado, é indispensável a combinação entre psicoterapia e medicação.
Em seus estudos com pessoas depressivas, a pesquisadora Jennifer Ueckermann, da Universidade do Ruhr, em Bochum, na Alemanha, encontrou um obstáculo inesperado: problemas com a percepção do humor. Alguns pacientes (principalmente aqueles mais afetados pela psicopatologia) sofriam não só de depressão, mas também apresentavam habilidade empática e memória de trabalho reduzidas. Considerando que a capacidade de memorizar o início de uma piada até o seu clímax e de considerar a “real” intenção de uma pessoa é muitas vezes essencial para a compreensão do cômico, Ueckermann acredita que as dificuldades mnêmicas e afetivas, bem como a impossibilidade de achar graça nas pequenas coisas da vida, estão vinculadas. Segundo ela, antes que se possa treinar o humor, esses aspectos correlacionados precisam ser tratados, por exemplo, com a ajuda de treinamentos cognitivos.
Muitas vezes, pacientes com essquizofrenia também apresentam peeculiaridades na forma como lidam com a alegria e as variações de humor. Psicóticos logo atribuem a afirmações jocosas um significado exagerado, muito literal, ou as associam a si próprios. Além disso, esquizofrênicos dificilmente se deixam contagiar pelo riso de seus semelhantes, o que dificulta os encontros em grupo. lrina Falkenberg propôs um experimento: colocou tanto pessoas com diagnóstico de transtorrno psíquico quanto saudáveis diante de um computador no qual às vezes aparecia um rosto feliz e, outras vezes, uma face triste. Depois que o rosto desaparecia, duas setas indicavam a direção para a qual o candidato testado devia mover os cantos da própria boca. Se apontassem para cima, ele devia elevá-los (ou seja, sorrir), se surgissem flechas voltadas para baixo, o participante devia fazer uma expressão triste. As pessoas saudáveis conseguiram fazer a mímica alegre mais fácil e rapidamente quando o rosto correspondente aparecia sorrindo. O mesmo valeu para a expressão triste. Os esquizofrênicos, porém, mostraram tendência a elevar os cantos da boca, independentemente dos rostos que Ihes eram apresentados.
Isso não comprova, entretanto, uma postura “positiva” por parte desses pacientes. Na verdade, a tendência ao sorriso indica, isso sim, insegurança: eles recorriam quase que automaticamente em um “modo sorriso” para atenuar situações potencialmente ameaçadoras. E muitas coisas parecem perigosas para os esquizofrênicos. Além disso, eles apresentam maior dificuldade que as outras pessoas em interpretar corretamente a mímica facial alheia.
Para conhecer mais
Humor comprehension and appreciation: an MRI study. A. Bartolo et al., em: Journal of Cognitive Neuroscience 18, 2006, nº. págs 1789-1798.
A força curadora da mente. Norman Cousins. Saraiva, 1993.
O poder do riso. Ulrich Kraft. Especial Mente e Cérebro nº 9, págs. 60-67.
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